segunda-feira, dezembro 11, 2006


Não gosto de filmes brasileiros, pois a maioria só tem sexo, sexo, sexo. Em raras exceções vejo algum. "Zuzu Angel" foi uma delas. E valeu a pena. Muito bom o filme.

Relembrei do ano de 1968, quando estudava na Fundação Getúlio Vargas, na Escola Técnica de Comércio e fazia o curso técnico de secretariado. Ed. Darke de Matos, na Rua 13 de Maio, em pleno centro do Rio. Eram tempos de ditadura, de manifestações estudantis. Logo ao descer do ônibus vi que os ânimos estavam agitados. Dirigi-me direto pra Fundação. Da janela, assisti os manifestantes jogando bolas de gude no asfalto da avenida, para que os cavalos com os policiais escorregassem.

Lembro de haver descido, ou foi na hora em que chegava, não sei ao certo. Jogaram uma bomba de gás lacrimogênio no interior do saguão do edifício e senti a ardência que tais bombas provocam. Parece que o corpo está pegando fogo. Terrível.

Naquela época eu não era tão politizada e esclarecida como agora. Namorava um rapaz maravilhoso, que era filho de um delegado do DOPS. Não imaginava o que aquilo poderia significar, pois, para mim, ele era um advogado, filho único de uma professora de matemática e de um delegado de polícia.

Lembro-me de estarmos todos sentados à mesa e algum assunto relacionado à situação do momento veio à tona. Mas fui desestimulada a tocar naquele assunto, naquela casa. Ali não se falava sobre isso.

O pai do rapaz sempre foi muito legal para comigo. Era muito sério, mas simpático para com a namorada do filho. Contudo, não gostaria de ser sua prisioneira.

Ontem, morreu o ditador chileno Augusto Pinochet. Já morreu tarde e morreu sem sofrer o que merecia. Espero que o inferno o receba de portas abertas.

Houve época em que namorei um rapaz chileno (Patrício?), que estava morando no Brasil. Era engenheiro de alimentos. Não era um rapaz bonito e usava calças que chamavam a atenção, porque pescavam siri, podendo ser mais compridas. Lembro-me que ele era favorável a Salvador Allende. Por isso, eu acho que ele era um tipo de fugitivo político.

Foi através dele e da mãe dele que eu comi e me deliciei com as famosas empanadas chilenas. A mãe veio visitá-lo e trouxe algumas. São feitas com azeitonas grandes e bem temperadas. Gostei muito.

Queria viver todas as minhas experiências do passado com os conhecimentos e as vivências que tenho hoje. Sinto que não aproveitei com amadurecimento, tudo que vi e vivenciei.

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