terça-feira, novembro 21, 2006

Há algum tempo que venho relutando em criar um blog, postando comentários sobre a minha vida. Pensei, primeiro, em publicar um, somente para falar sobre meu filho Gustavo (28), portador da síndrome Opitz-C. Mas, depois, cheguei à conclusão de que poderia escrever sobre nós dois, num mesmo espaço.

Assim, vamos ver no que vai dar esta minha nova experiência.

Acompanhei a evolução da informática enquanto trabalhava como secretária. Lembro-me que aprendi a digitar numa máquina de escrever na Escola Remington, que ficava na Rua Miguel Lemos, em Copacabana, acho que em 1964, quando tinha apenas 14 anos. Costumo dizer que foi a melhor herança que meu pai me deixou, pois veio a falecer em 4 de setembro daquele ano. Nessa época, morava na Rua Barão da Torre, 111, num prédio de 3 andares, de onde avistava o Morro do Cantagalo. Tempos bons aqueles, onde a violência havia, mas era bem menor do que agora.

No meu primeiro emprego, passei por momentos terríveis: "enfrentei" uma Olivetti elétrica que, a um toque mais forte, disparava igual a uma metralhadora. Como eu batia notas fiscais em várias vias, caso errasse, tinha que refazer tudo de novo. Dali fui para outra empresa onde encontrei uma IBM elétrica. Muito melhor do que a Olivetti. Feliz mesmo fiquei quando eles compraram uma IBM elétrica com esfera, com aquele cheirinho de novo.

E veio a época dos computadores. Lotus 123, Wordstar.... programas que existiam e aprendi um pouco sobre eles. O fato de já saber digitar numa máquina de escrever (modéstia à parte, muito bem, por sinal) me ajudou muito.

Nos programas atuais básicos - Word, Excel - tenho trabalhado bastante, o que me rende algum dim-dim, pouco pelo esforço físico que consome, se você levar em conta que ficar em frente, por um longo período, a uma tela de computador acaba com sua vista e suas costas. Os clientes não ajudam, pois entregam sempre os trabalhos em cima da hora e você tem que se virar e digitar tudo a tempo. Isto, sem falar nos 'hieróglifos' com que escrevem seus rascunhos. A bem da verdade, nem todos... mas tem alguns que dá vontade de você arrancar os cabelos. Aliás, sobre o assunto, também peguei muita experiência como secretária. Os chefes não têm pena de suas funcionárias e usam e abusam do direito de escrever com uma letra indecifrável.

Guardei uma ilustração que uma colega de trabalho fez sobre o fim da secretária:



Não sei se dará pra ler o conteúdo, assim, transcrevo aqui:

- pés-de-galinha, por estar sorrindo constantemente;
- cabelos espigados, por problemas nervosos;
- problemas de audição, por ficar exposta às tarefas
de atender telefones;
- visão péssima, de tanto decifrar garranchos;
- queda dos dentes em lutas, para conseguir
intervalos de almoço;
- postura ruim, de tanto curvar-se em cima da mesa;
- cicatriz de radiação, por visão prolongada de raio X;
- roupas velhas, de 25 anos de pagamento ruim;
- úlcera, por segurar a vontade de socar a cara de
alguém;
- mão perdida na máquina xerox;
- câncer nos dedos de tanto escrever, corrigir e
cortar papéis;
- tênis para correr do chefe, ou atrás dele.