terça-feira, novembro 21, 2006

ENFIOU O PÉ "NA JACA" OU "NO JACÁ"?...

Conforme José Alberto Vasconcellos descreveu, durante séculos foi uma atividade regular e que se constituía em comprar bestas de carga (mulas e burros) na Argentina e trazê-los para o mercado brasileiro, centrado, na época, em Sorocaba, onde eram vendidas aos almocreves, indivíduos cujo ofício era alugar ou conduzir bestas de carga.

Denominava-se almocrevaria o carregamento ou transporte de mercadorias, feito por almocreve. No lombo dessas bestas transportava-se de tudo: de minérios a alimentos. Do ouro de Minas Gerais ao café de São Paulo para embarque nos navios no porto de Santos.

Naquela época distante, contêiner eram balaios, também chamados de jacás, espécie de cesto alongado, feito de taquara ou cipó. Especificamente, para o transporte de carne, peixe, queijo, milho, banana, abóbora, rapadura e outros alimentos ou objetos, utilizava-se o jacá. Interessante registrar que o jacá (ou balaio, como queira) também era unidade de medida para o milho: tantos jacás, era medida equivalente a um carro; um carro, correspondia a tantas sacas...

Numa besta eram instalados dois jacás, um de cada lado, para equilíbrio do peso no lombo da alimária e, não raras vezes, o almocreve montava a besta e, ao fazê-lo, vez por outra, ENFIAVA O PÉ NO JACÁ, -- o que era um vexame –pois o almocreve tinha que apear para montar de novo, enquanto as pessoas riam. Deliciavam-se com o fato do almocreve TER ENFIADO O PÉ NO JACÁ.

Portanto, ENFIAR O PÉ NO JACÁ, era algo que irritava profundamente o almocreve e divertia quem assistia o contratempo, daí o costume de dizer-se ENFIOU O PÉ NO JACÁ, para denominar qualquer deslize vexatório praticado por alguém.

O transporte feito com animais acabou, o jacá saiu de cena, e o povão esqueceu-se do acento agudo que compunha a palavra jacá – cesto feito de taquara – e o objeto virou fruta: jaca! Fruto da jaqueira.



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